segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Amistad

TÍTULO DO FILME: AMISTAD (Amistad, EUA, 1997)DIREÇÃO: STEVEN SPIELBERGELENCO: Morgan Freeman, Anthony Hopkins, Matthew McConaughey, Nigel Hawthorne, Djmon Housou, David Paymer, Anna Paquin; 162 min.
TEMÁTICA Em 1839 dezenas de africanos a bordo do navio negreiro espanhol La Amistad matam a maior parte da tripulação e obrigam os sobreviventes a leva-los de volta à África. Enganados, desembarcam na costa leste dos Estados Unidos, onde, acusados de assassínios, são presos, iniciando um longo e polêmico processo, num período onde as divergências internas do país entre o norte abolicionista e o sul escravista, caracterizavam o prenúncio da Guerra de Secessão.CONTEXTO HISTÓRICOO filme mostra o processo de julgamento de negros nos Estados Unidos, 22 anos antes do início da Guerra Civil, num contexto marcado pelo expansionismo em direção ao Oeste e pelo acirramento das divergências do norte protecionista, industrial e abolicionista, com o sul livre-cambista, agro-exportador e escravista.Na passagem do século XVIII para o XIX, os Estados Unidos recém-independentes formavam uma pequena nação, que se estendia entre a costa do Atlântico e o Mississipi. Após a independência, o expansionismo para o Oeste foi justificado pelo princípio do "Destino Manifesto", que defendia serem os colonos norte-americanos predestinados por Deus a conquistar os territórios situados entre os oceanos Atlântico e Pacífico. A crescente densidade demográfica, a construção de uma vasta rede ferroviária iniciada em 1829 e a descoberta de ouro na Califórnia em 1848, também representaram um estímulo para conquista do Oeste.A ação diplomática dos Estados Unidos foi marcada por um grande êxito nas primeiras décadas do século XIX, quando através de negociações bem sucedidas os Estados Unidos adquirem os territórios da Lousiana (França), Flórida (Espanha), além do Oregon (Inglaterra) e até o Alasca da Rússia, após a Guerra de Secessão.Em 1845, colonos norte-americanos proclamaram a independência do Texas em relação ao México, iniciando-se a Guerra do México (1845-48), na qual a ex-colônia espanhola perdia definitivamente o Texas, além dos territórios do Novo México, Califórnia, Utah, Arizona, Nevada e parte do Colorado. Destaca-se ainda a incorporação de terras indígenas, através de um verdadeiro genocídio físico e cultural dos nativos.O intenso crescimento do país, acompanhado de uma grande corrente de imigrantes europeus atraídos pela facilidade de adquirir terras, torna ainda mais flagrante, o antagonismo entre o norte e o sul. No norte, o capital acumulado durante o período colonial, criou condições favoráveis para o desenvolvimento industrial cuja mão-de-obra e mercado encontravam-se no trabalho assalariado. A abundância de energia hidráulica, as riquezas minerais e a facilidade dos transportes contribuíram muito para o progresso da região, que defendia uma política econômica protecionista. Já o sul, de clima seco e quente permaneceu estagnado com uma economia agro-exportadora de algodão e tabaco baseada no latifúndio escravista. Industrialmente dependente, o sul era ferrenho defensor do livre-cambismo, mais um contraponto com o norte protecionista.Essas divergências tornam-se praticamente irreconciliáveis com a eleição do abolicionista moderado Abraham Lincoln em 1860, resultando no separatismo sulista, iniciando-se assim em 1861 a maior guerra civil do século XIX, a Guerra de Secessão, também conhecida como "Guerra Civil dos Estados Unidos", que se estendeu até 1865 deixando um saldo de 600 mil mortos.

Brasil: 500 anos

No ano 2000 assistiremos a vários eventos em comemoração aos 500 anos do "descobrimento do Brasil". A proximidade do grandioso aniversário fez com que instituições governamentais e órgãos de imprensa elaborassem campanhas, livros e CD ROM, assim como a pesquisa sobre o tema ganhou destaque e, claro, esse movimento refletiu-se no último vestibular ( e provavelmente aparecerá no próximo), como na 1a fase da Unicamp 99. Mas o que vamos comemorar? A expectativa da historianet é que todo esse alarde sirva para estimular uma maior reflexão sobre nossa própria história. A atual situação do país não é muito propícia para comemorações. A política recessiva adotada pelo governo têm gerado grande preocupação na população brasileira, pois o desemprego tende a aumentar ainda mais e os principais cortes orçamentários recaem sobre as áreas de saúde e educação, incluindo diretamente as universidades federais e indiretamente as demais.O termo "descobrimento" vem sendo eliminado gradualmente dos livros didáticos, apesar de já ter sido incorporado por nossa cultura. Cabral descobriu o que?Efetivamente nada.Após mais de 80 anos de navegação, os portugueses desconfiavam da existência de terras a oeste da Ilha de Cabo Verde, confirmada pela viagem de Colombo, e por isso não aceitaram a Bula Inter Coetera do Papa Alexandre VI - espanhol - ameaçando os castelhanos e exigindo um novo acordo.Esse novo acordo foi assinado no ano seguinte (1494) na cidade de Tordesilhas, satisfazendo D. João II, pois garantia à Portugal o domínio sobre o litoral do Brasil e, principalmente, o controle sobre o Atlântico, fundamental para o cumprimento do principal objetivo lusitano: As Índias.Os estudos mais atuais trazem novos conhecimentos sobre esse período, especialmente sobre a viagem de Duarte Pacheco ao Brasil em 1498, dois anos antes de Cabral. Essa viagem secreta foi planejada pelo governo português e mantida em segredo, dada a grande rivalidade com a Espanha e ao não interesse imediato de Portugal sobre o novo território.Em 1494 o litoral do Brasil já pertence à Portugal.Em 1498 os primeiros portugueses chegam ao Brasil.Porém se o termo "descobrimento" esta sendo eliminado dos livros didáticos, vêm sendo substituído por qual?Alguns autores passaram a empregar "chegada" dos portugueses, pretendendo assim uma pseudo neutralidade no que toca aos interesses econômicos e às relações travadas com os povos nativos a partir de entãoOutros passam a utilizar o termo "conquista", possibilitando uma maior reflexão sobre os interesses que estão em jogo, a intenção nítida de Portugal sobre o Brasil, no quadro da política mercantilista.Existem alguns que se utilizam da expressão "inicio da exploração portuguesa", pois, apesar de não haver uma ocupação efetiva da terra nas primeiras décadas, a madeira já era explorada e o mercado resguardado, com o objetivo futuro definido.Para os estudantes essa discussão torna-se muito importante, pois é através da discussão, do questionamento, que compreendemos o processo histórico. Envolver-se nesse debate permitirá perceber que a história é dinâmica e não decorativa e possibilitará o desenvolvimento do senso crítico, que é necessário para melhor compreensão da situação atual e das transformações mais significativas que ocorreram no longo da História da Humanidade.

"Guerra ao narcotráfico" é nova desculpa "humanitária"

Colômbia é o próximo alvo dos Estados Unidos.Marcelo Barba ( texto extraído do jornal Opinião Socialista )

Poucos meses após a sua vitória sobre a Iugoslávia, o governo norte-americano já tem um novo alvo para sua intervenção "humanitária": a Colômbia. Como já afirmávamos em artigos durante a guerra da Iugoslávia, o imperialismo ianque quer construir uma nova ordem mundial baseada na sua absoluta e indiscutível liderança. Para isto, é necessário que eles acabem com as situações "problemáticas" que ainda existem nas regiões mais estratégicas do planeta.Agora é a vez de tentar acabar com os mais antigos grupos guerrilheiros ainda em ação no continente latino-americano: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) na Colômbia. Usando a desculpa de um suposto envolvimento destes grupos com o tráfico de drogas, os EUA estão, direta e indiretamente, aprofundando seu envolvimento no conflito.Há mais de 40 anos, a Colômbia vive em uma guerra civil que já matou, somente nos últimos 15 anos, mais de 20 mil pessoas. O recente aumento dos choques entre guerrilha, exército (apoiado cada vez mais pelos EUA) e paramilitares de direita (apoiados por narcotraficantes, empresários e grandes latifundiários), junto com a crise econômica que assola todos os países latino-americanos adeptos do neoliberalismo, fez com que a produção industrial do país caísse, apenas no primeiro semestre, 14,3%. O caso mais grave é o das montadoras, que trabalham somente com um quarto da sua capacidade produtiva.Os EUA tentam fortalecer a autoridade do presidente colombiano Andrés Pastrana, bastante abalada pela crise que vive o país. As iniciativas de diálogo entre o governo e a guerrilha ainda não avançaram nenhum milímetro. O exército norte-americano já tem organizado um cerco à Colômbia. Além das suas bases no Panamá, estão instaladas ou em fase de construção, bases militares em Aruba, na Venezuela, Peru e Equador, além da própria Colômbia.Somente neste ano, US$ 300 milhões já foram enviados como ajuda financeira para "combater o narcotráfico".Mas a guerra contra o narcotráfico (desculpa para toda esta intervenção) é uma completa hipocrisia. Hoje, a Colômbia sozinha é responsável por 80% da produção de cocaína no mundo. O dinheiro do narcotráfico está em todas as instituições do Estado colombiano. Mesmo que algumas vezes, autoridades tenham que prender um ou outro traficante ou destruir algum laboratório clandestino, isto só serve para "livrar a cara". Recentemente, a mulher de um coronel norte-americano, que é um dos coordenadores das ações anti-tráfico na Colômbia, foi presa por usar o serviço postal do exército para enviar cocaína para os EUA. Da mesma forma, todos os funcionários da embaixada norte-americana em Bogotá estão sendo investigados pelo mesmo motivo.Os paramilitares que são patrocinados, entre outros, pelos narcotraficantes, contam com a impunidade e mesmo a ajuda do Exército e da justiça. O ex-presidente Ernesto Samper foi apoiado financeiramente pelos traficantes na sua campanha eleitoral.Os EUA não estão preocupados com a produção de drogas, mas com a consolidação do seu domínio no "quintal" da América Latina. As desculpas podem mudar (ajuda humanitária em Kosovo, drogas na América Latina) mas o objetivo é sempre o mesmo: aprofundar o processo de recolonização mundial para garantir os lucros das grandes corporações norte-americanas.